Como percebemos uma bebida?



Quais as percepções sobre uma bebida? Qual percepção se sobressai sobre outra?
O quanto é uma percepção individual? O quanto é parecer técnico?
O que é bom? O que é ruim?


Cheirinho de café!


A resposta para todas essas perguntas é bem extensa, mas o fato é que quando gostamos
de algo tem muito mais sobre nossa cultura e sentimento no sabor do que imaginamos.

O doce é muito bem aceito no geral, mas isso é uma questão mais fisiológica e evolutiva pois nosso corpo ainda é primitivo e no dulçor ele entende como contendo muitas calorias,
algo que precisamos guardar no nosso metabolismo caso houvesse uma caçada ou fugir de
algum predador. Diferente do amargo que está muito mais relacionado com veneno do que
a um alimento nutritivo, por isso muitas crianças odeiam a maioria dos vegetais, o corpo delas
está se defendendo.





Uma breve  explicação de como percebemos a bebida e dos sentidos usados.


Audição: Um espumante sendo aberto pode ser ouvido em todo ambiente, por mais que especialistas
defendam que junto com esse barulho há bastante perda de uma das principais características do
espumante o gás e junto dele também se perde aroma, mas se você está no ambiente e ouve esse
som característico da rolha saindo da garrafa, saiba que alguém está abrindo errado o espumante
além disso o seu interesse aumenta ou diminui depende se você gosta da bebida ou não,
isto também acontece com o barulho da coqueteleira batendo ou do mixing glass mexendo, ou até algo fritando em uma frigideira.

Consegue ouvir a Coqueteleira?




Visual: A primeira impressão é a que fica, verificar coloração,
se há partículas suspensas na bebida,
se aquelas suspensões deveriam estar ali ou não,
com o repertório que desenvolvemos experimentando bebidas diferentes
conseguimos identificar 
muitas vezes algo diferente em uma bebida somente no olhar.




Olfato: Percebido pelas narinas onde temos mais de 20 milhões de células sensoriais com
capacidade de distinguir os mais diferentes cheiros. O olfato, como a visão, possui uma enorme
capacidade adaptativa.
No início da exposição a um odor muito forte, a sensação olfativa pode ser bastante forte
também, mas, após um minuto, aproximadamente, o odor será quase imperceptível.







Tato: Na china o país de origem do chá, umas das bebidas mais antigas do mundo,
não se usa alça para beber a infusão mas sim um recipiente que é segurado com as duas mãos se
puder ser segurado significa que a bebida está pronta para ser consumida sem queimar a boca.
Mas o tato não resume-se somente as mãos, na boca também temos sensações táteis como
quando descrevemos um sabor aveludado, cremoso ou macio.





Gosto: Na língua são encontradas papilas gustativas as papilas do tipo fungiforme são as que
diferenciam os sabores além do palato (céu da boca) que também ajuda nesse processo de
identificação dos gostos básicos, sal, azedo, amargo, doce e também o
umami (palavra de origem japonesa que significa apetitoso e delicioso) que é encontrada em
cogumelos, queijo e tomate, mas somente com a ajuda do olfato que conseguimos sentir o gosto das
bebidas e comidas o nariz sente cerca de 80% do gosto.
Por isso quando estamos gripados não conseguimos sentir o gosto de nada.





Memória Afetiva: Quando pensamos no lado emocional nessas percepções também englobamos
um fator cultural pois dependendo de onde a pessoa tenha nascido os hábitos alimentares serão
muito distintos, uma criança mexicana gostará muito mais de um abacate com sal do que com açúcar,
consequentemente um mexicano adulto também tende a ter este tipo de comportamento e se
emocionar e lembrar da infância ou de seu país cada vez que comer guacamole, igual ao nosso
sentimento nacional por arroz e feijão que remete a comida caseira que remete afeto e carinho,
então quando bebemos ou comemos algo e sentimos um ‘abraço’ é nossa memória afetiva nos
lembrando de tudo que experimentamos e vivemos.
O premiado livro Flavour Bible publicado pela primeira vez em 2008 dos autores
Andrew Dornenburg, Karen A. Page, distingue como o X factor, que além da memória afetiva,
também fala da percepção espiritual, mental, emocional entre outros.


O aroma pode lembrar aquela viagem ruim ou boa.



Sabor: Todas as percepções somadas nos levam ao sabor e como essas ferramentas nos ajudam a identificar distintos sabores no nosso dia-a-dia.
Flavour Bible ainda faz uma equação interessante do que o sabor seria.



Sabor = Gosto + Sensação Na Boca + Aroma + O Fator X



Inspirado neste texto "Bom gosto não se discute?" da Carolina Oda  
escrevi este texto que você acabou de ler, espero que tenha gostado até a próxima

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